Acadêmicos: Albert Viana, Caio César, Claudia Picanço, Darilane Aguiar e Eliane Monte.
TEORIAS PEDAGÓGICAS E ABORDAGENS DA EDUCAÇÃO
FÍSICA
As Abordagens Pedagógicas para Educação Física têm
por objetivo deixar que as aulas de Educação Física não tenham um enfoque
apenas ligado ao aprender a fazer, mas incluam uma intervenção planejada do
professor quanto ao conhecimento que explique o que está por trás do fazer,
além dos valores e atitudes envolvidos na prática da cultura corporal do
movimento. Essas abordagens resultam da articulação de diferentes
teorias psicológicas, sociológicas e concepções filosóficas.
Todas essas correntes têm
ampliado os campos de ação e reflexão para a área, o que a aproxima das
ciências humana. Elas aparecem como tentativa de romper com o modelo
mecanicista e podem ser definidas como movimentos
engajados na renovação teórico-prático com o objetivo de estruturação do campo
de seus conhecimentos que são específicos da educação física.
São várias as abordagens
para o ensino da Educação Física, entre elas destacamos a desenvolvimentista e
a construtivista.
A abordagem desenvolvimentista
tem como ideia central de oferecer à criança oportunidades de experiências de
movimento de modo a garantir o seu desenvolvimento normal, propõem atender essa
criança em suas necessidades de movimento. Sua base teórica é essencialmente a
psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem, seu principal representante é
Go Tani. É uma proposta dirigida especificamente para crianças de quatro a
quatorze anos que busca nos processos de aprendizagem e desenvolvimento uma
fundamentação para a Educação Física escolar. É uma tentativa de caracterizar a
progressão normal do crescimento físico, do desenvolvimento fisiológico, motor,
cognitivo e afetivo-social, na aprendizagem motora e, em função destas
características, sugerir aspectos ou elementos relevantes para a estruturação
da Educação Física escolar.
A abordagem construtivista,
segundo Bracht (1999) exerceu grande influência na Educação Física brasileira
nos anos 1970 e 1980. Seu principal representante no Brasil é João Batista Freire
com a obra “Educação de corpo inteiro: teoria e prática da Educação Física”,
publicada em 1989. Essa abordagem recebe influências da área da psicologia,
tendo Piaget como referencial teórico, especialmente com as obras “O nascimento
da inteligência na criança” e “O possível e o necessário, fazer e compreender”.
Na abordagem construtivista Freire dá ênfase ao desenvolvimento cognitivo e
considera a cultural infantil como essencial, repleta de jogos e brincadeiras,
dando prioridade ao lúdico e ao simbolismo (LAVOURA; BOTURA; DARIDO, 2006). Por
isso, faz críticas à forma como a escola trabalha com o corpo e o movimento das
crianças. Nessa abordagem o jogo como conteúdo/estratégia tem papel
privilegiado. É considerado o principal modo de ensinar, é um instrumento
pedagógico, um meio de ensino, pois enquanto joga ou brinca a criança aprende
(DARIDO, 2001). Com isso, é possível perceber que Freire (1989) propõe como
tarefa da Educação Física o desenvolvimento de habilidades motoras, porém num
contexto de brinquedo e de jogo, desenvolvidos a partir de um universo da
cultura infantil que a criança possui. Os conteúdos, na abordagem
construtivista, devem ser desenvolvidos numa progressão pedagógica, numa ordem
de habilidades, mais simples (habilidades básicas) para as mais complexas
(específicas)
A prática pedagógica na Educação Física ainda se
apresenta muito resistente a mudanças, pois os professores ainda utilizam da
teoria da aptidão física para a esportivização. Acredita-se que nos dias atuais
o professor baseia seus conteúdos pré-selecionados retirados de livros
didáticos e esportes, tornando-se um transmissor de conteúdos sem valorizar a
participação efetiva dos alunos nas aulas. Essa realidade pode estar ocorrendo
porque a formação profissional dos professores de Educação Física por muito
tempo evitou os conhecimentos científicos e foi extremamente tecnicista,
tornando esses professores aplicadores de práticas pedagógica que herdaram de
seus professores.
Embora
a prática pedagógica resista a mudanças, ou seja, a prática acontece ainda
balizada pelo paradigma da aptidão física e esportiva, várias propostas pedagógicas
foram gestadas nas últimas duas décadas e se colocam hoje como alternativas.
Enfim,
ao refletir sobre as abordagens pedagógicas espera-se que a prática pedagógica
nas aulas de Educação Física seja repensada ou transformada.
Referências
DARIDO,
S. C. Educação física na escola: questões e reflexões. Rio de Janeiro: Lazer & Sport, 1999. DARIDO, S. C.
Os conteúdos da educação física escolar: influências, tendências, dificuldades
e possibilidades. Perspectivas em Educação Física Escolar, Niterói, v. 2, n. 1
(suplemento), 2001.
FREIRE,
J. B. Educação de corpo inteiro. São
Paulo: Scipione, 1989.
LAVOURA,
T. N.; BOTURA, H. M. L.; DARIDO, S. C. Educação física escolar: conhecimentos
necessários para a prática pedagógica. Revista
de Educação Física/UEM, v. 17, n. 2, 2006, p. 203-209.