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sábado, 5 de março de 2016

    Acadêmicos: Albert Viana, Caio César, Claudia Picanço, Darilane Aguiar e Eliane Monte.                

 TEORIAS PEDAGÓGICAS E ABORDAGENS DA EDUCAÇÃO FÍSICA

As Abordagens Pedagógicas para Educação Física têm por objetivo deixar que as aulas de Educação Física não tenham um enfoque apenas ligado ao aprender a fazer, mas incluam uma intervenção planejada do professor quanto ao conhecimento que explique o que está por trás do fazer, além dos valores e atitudes envolvidos na prática da cultura corporal do movimento. Essas abordagens resultam da articulação de diferentes teorias psicológicas, sociológicas e concepções filosóficas.
Todas essas correntes têm ampliado os campos de ação e reflexão para a área, o que a aproxima das ciências humana. Elas aparecem como tentativa de romper com o modelo mecanicista e podem ser definidas como movimentos engajados na renovação teórico-prático com o objetivo de estruturação do campo de seus conhecimentos que são específicos da educação física.
São várias as abordagens para o ensino da Educação Física, entre elas destacamos a desenvolvimentista e a construtivista.
A abordagem desenvolvimentista tem como ideia central de oferecer à criança oportunidades de experiências de movimento de modo a garantir o seu desenvolvimento normal, propõem atender essa criança em suas necessidades de movimento. Sua base teórica é essencialmente a psicologia do desenvolvimento e da aprendizagem, seu principal representante é Go Tani. É uma proposta dirigida especificamente para crianças de quatro a quatorze anos que busca nos processos de aprendizagem e desenvolvimento uma fundamentação para a Educação Física escolar. É uma tentativa de caracterizar a progressão normal do crescimento físico, do desenvolvimento fisiológico, motor, cognitivo e afetivo-social, na aprendizagem motora e, em função destas características, sugerir aspectos ou elementos relevantes para a estruturação da Educação Física escolar.
A abordagem construtivista, segundo Bracht (1999) exerceu grande influência na Educação Física brasileira nos anos 1970 e 1980. Seu principal representante no Brasil é João Batista Freire com a obra “Educação de corpo inteiro: teoria e prática da Educação Física”, publicada em 1989. Essa abordagem recebe influências da área da psicologia, tendo Piaget como referencial teórico, especialmente com as obras “O nascimento da inteligência na criança” e “O possível e o necessário, fazer e compreender”. Na abordagem construtivista Freire dá ênfase ao desenvolvimento cognitivo e considera a cultural infantil como essencial, repleta de jogos e brincadeiras, dando prioridade ao lúdico e ao simbolismo (LAVOURA; BOTURA; DARIDO, 2006). Por isso, faz críticas à forma como a escola trabalha com o corpo e o movimento das crianças. Nessa abordagem o jogo como conteúdo/estratégia tem papel privilegiado. É considerado o principal modo de ensinar, é um instrumento pedagógico, um meio de ensino, pois enquanto joga ou brinca a criança aprende (DARIDO, 2001). Com isso, é possível perceber que Freire (1989) propõe como tarefa da Educação Física o desenvolvimento de habilidades motoras, porém num contexto de brinquedo e de jogo, desenvolvidos a partir de um universo da cultura infantil que a criança possui. Os conteúdos, na abordagem construtivista, devem ser desenvolvidos numa progressão pedagógica, numa ordem de habilidades, mais simples (habilidades básicas) para as mais complexas (específicas)
A prática pedagógica na Educação Física ainda se apresenta muito resistente a mudanças, pois os professores ainda utilizam da teoria da aptidão física para a esportivização. Acredita-se que nos dias atuais o professor baseia seus conteúdos pré-selecionados retirados de livros didáticos e esportes, tornando-se um transmissor de conteúdos sem valorizar a participação efetiva dos alunos nas aulas. Essa realidade pode estar ocorrendo porque a formação profissional dos professores de Educação Física por muito tempo evitou os conhecimentos científicos e foi extremamente tecnicista, tornando esses professores aplicadores de práticas pedagógica que herdaram de seus professores.
Embora a prática pedagógica resista a mudanças, ou seja, a prática acontece ainda balizada pelo paradigma da aptidão física e esportiva, várias propostas pedagógicas foram gestadas nas últimas duas décadas e se colocam hoje como alternativas. Enfim, ao refletir sobre as abordagens pedagógicas espera-se que a prática pedagógica nas aulas de Educação Física seja repensada ou transformada.
Referências
DARIDO, S. C. Educação física na escola: questões e reflexões. Rio de Janeiro: Lazer & Sport, 1999. DARIDO, S. C. Os conteúdos da educação física escolar: influências, tendências, dificuldades e possibilidades. Perspectivas em Educação Física Escolar, Niterói, v. 2, n. 1 (suplemento), 2001.

FREIRE, J. B. Educação de corpo inteiro. São Paulo: Scipione, 1989.

LAVOURA, T. N.; BOTURA, H. M. L.; DARIDO, S. C. Educação física escolar: conhecimentos necessários para a prática pedagógica. Revista de Educação Física/UEM, v. 17, n. 2, 2006, p. 203-209.


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